Hoje permito-me transcrever um artigo do 'Correio Paroquial de SJB' de 01-Nov-2013.
Vale bem a pena uns minutos da tua atenção.
Obrigado ao autor.
O que são e quais as diferenças?
Se Exupéry acreditava que a linguagem é uma fonte de mal entendidos, não é inconveniente de todo afirmarmos que a desinformação é a fonte de grandes males na nossa vida. Não se julgue a desinformado quem não sabe, mas quem não busca saber, ou quem busca de forma errónea. Nesta sociedade em que vivemos há uma tendência a profanarmos as tradições e as celebrações com estrangeirismos que em nada nos enriquecem. Antes pelo contrário, desalmam o que de mais genuíno temos, e atiram-nos à ignorância das raízes que nos conferem identidade.
Entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro assistimos em Portugal a uma manifestação muito sui generis de celebrarmos um estrangeirismo – o Halloween – misturado com uma antiga e significativa tradição que é o Pão por Deus, que se insere na mística celebrativa católica do dia de Todos os Santos – agora sem feriado, mas ainda sendo solenidade, dia santo – e no dia 2 com a celebração que recorda os Fiéis Defuntos. É desta forma que celebramos todos aqueles que nos precederam na vivência da nossa fé.
O Halloween surge na América do Norte, afirmando-se como um evento tradicional e cultural, tendo por base e origem as celebrações do povo Celta remontando-nos ao século III na Gália. Halloween, como o próprio nome pode-nos indicar, realiza-se na véspera de Todos os Santos – 31 de outubro – data esta em que após o pôr-do-sol, ocorriam os ritos sagrados dos celtas. Eram inclusos numa festa em honra de Samhain, servindo para marcar o fim do verão. Os celtas acreditavam que neste dia o Céu e a Terra estreitavam a distância, proporcionando-se uma maior proximidade entre as duas realidades. Seria nesta data que os espíritos dos mortos voltariam para visitarem os seus lares e guiar os seus familiares até ao outro lado. O Céu era um lugar livre de toda e qualquer dor. Um lugar de felicidade perfeita, onde nem fome, nem algum outro mal existia.
Com a Cristianização houve uma cristianização desta festa. A partir do quarta centúria da nossa época, a Igreja Síria começou a celebrar o dia de Todos os Mártires. Só já no século VII com Bonifácio IV é que se transforma o Panteão – templo dedicado a todos os deuses mitológicos – num templo cristão, consagrado a Todos os Santos, primitivamente celebrado a 13 de maio. Entretanto Gregório III acha por bem fixar a celebração no primeiro dia de novembro, e já no século IX, Gregório IV ordena que a mesma tenha um carácter universal na sua celebração, tendo assim necessariamente de haver vésperas já no dia 31 de outubro. Nas Igrejas Orientais era costume celebrar-se no I domingo após o Pentecostes.
Esta é uma importante celebração ecuménica, onde se comemoram tanto os santos reconhecidos pela Igreja, como aqueles a quem eles estão ligados. Recordamos ainda todos aqueles que estão a caminho da santidade total.
É desta comunhão que nasce o “pão por Deus”. Obras de caridade, esmolas, para com os mais necessitados, em nome das almas que mais precisavam, nomeadamente as de parentes próximos.
Uma coisa é-nos certa. Não é, de forma alguma, fácil ao Homem moderno imaginar a Vida Eterna dos Bem Aventurados como conjunto de todos os bens, numa ausência total do mal. O que é certo é que o Homem sempre sentiu uma necessidade própria de encontrar Deus, de o sentir de diversas formas. Mantenhamos o que é nosso, o que é Cristão, num tempo em que podemos redescobrir todos estes valores, tão necessários à nossa sociedade e à nossa própria vida espiritual.
Nuno Sousa (Equipa Cristo Jovem)
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